O carácter multidimensional e sistémico da pobreza e da exclusão social e a variedade das suas manifestações tornam relativamente complexa a tarefa de identificação dos elementos que estão na sua origem, bem como a clarificação das potenciais relações de causalidade estabelecidas. Resultam da interacção e convergência de múltiplas desvantagens sociais que desencadeiam no seu conjunto um cenário propício à sua propagação. Os fenómenos da pobreza e da exclusão social têm subjacentes, segundo o Projecto de Luta Contra a Pobreza, factores macro (globais); factores meso (locais ou sectoriais); factores micro (pessoas e famílias), sendo os últimos os que mais interesse têm para este projecto de investigação.
Os primeiros, dizem respeito às configurações estruturais da economia mundial e dos modelos de desenvolvimento e de organização e funcionamento dos sistemas económicos e financeiros predominantes no Mundo num determinado período.
Os factores meso podem ter origem nas políticas macro ou nos elementos culturais dominantes, têm um impacto mais significativo ao nível local ou sectorial.
Os factores micro englobam variáveis como dimensão e estatuto da família, saúde, idade, educação, percursos e histórias de vida, projectos de vida, opções pessoais e oportunidades aproveitadas e perdidas.
É, no fundo, um conjunto de elementos intensamente interligados cuja importância, enquanto factores de pobreza e exclusão social, se faz sentir fundamentalmente através das interacções estabelecidas ao nível pessoal e familiar.
Dimensão e estatuto da família – A transmissibilidade intergeracional da pobreza é uma via privilegiada de perpetuação do fenómeno. As condições de vida da família condicionam o futuro das crianças nascidas em agregados pobres, quer através dos recursos materiais disponíveis, quer dos aspectos sociais e culturais que caracterizam alguns modos de vida em situação de pobreza. Daí, a importância do Estado, das instituições de apoio social, das ONG e da comunidade como agentes dissuasores dos ciclos familiares de pobreza e exclusão social.
Saúde – O estado de saúde influencia o nível e rendimento, através da produtividade e das despesas realizadas com os cuidados médicos. Razão pela qual, se pode afirmar que a doença pode induzir ao empobrecimento e à exclusão social.
Idade – Os idosos estão, especialmente, expostos à pobreza e à exclusão social.
Educação – A população pobre, na sua maioria, possui fracos níveis de educação e de formação profissional, o que dificulta a sua inserção no mercado de trabalho. A relação entre educação e pobreza quase que forma um ciclo vicioso, isto é, as pessoas são pobres porque não conseguiram investir ou investiram pouco em si próprias, mas os pobres têm escassos recursos para aplicar em formação.